Porto Velho é a capital e o maior município, tanto em extensão territorial quanto em população, do Estado de Rondônia. Importante centro de comercialização da principal atividade econômica da região, a extração de cassiterita, além de ser centro de transportes e comunicações, Porto Velho se estende ao longo da margem direita do Rio madeira, um afluente do Amazonas. Desde meados do sec. XIX nos primeiros movimentos para construir uma ferrovia que possibilitasse superar o trecho encachoeirado do rio Madeira (cerca de 380 km) e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará Mirim, a localidade escolhida para construção do porto onde o caucho seria transbordado para os navios seguindo então para a Europa e os EUA, foi Santo Antônio do Madeira, província de Mato Grosso. Em janeiro de 1873, O Imperador Dom Pedro II, assinou o decreto autorizando navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira. Em decorrência, foram construídas modernas facilidades de atracação em Santo Antônio, que passou a ser denominado Porto dos Vapores ou, no linguajar dos trabalhadores, Porto Novo. O porto velho dos militares continuou a ser usado por sua maior segurança, apesar das dificuldades operacionais e da distância até S. Antônio, ponto inicial da EFMM. Percival Farquar, proprietário da empresa que afinal conseguiu concluir a ferrovia em 1912, desde 1907 usava o velho porto para descarregar materiais para a obra e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia seria aquele (já na província do Amazonas), tornou-se o verdadeiro fundador da cidade que, quando foi afinal oficializada pela Assembléia do Amazonas, recebeu o nome Porto Velho. Hoje, a capital de Rondônia.a conclusão da obra da E.F.M-M em 1912 e a retirada dos operários, a população local era de cerca de 1.000 almas. Então, o maior de todos os bairros era onde moravam os barbadianos - Barbadoes Town - construído em área de concessão da ferrovia. As moradias abrigavam principalmente trabalhadores negros oriundos das Ilhas Britânicas do Caribe, genericamente denominados barbadianos. Ali residiam pois vieram com suas famílias, e nas residências construídas pela ferrovia para os trabalhadores só podiam morar solteiros. Era privilégio dos dirigentes morar com as famílias. Com o tempo passou a abrigar moradores das mais de duas dezenas de nacionalidades de trabalhadores que para cá acorreram. Essas frágeis e quase insalubres aglomerações, associadas às construções da Madeira-Mamoré foram a origem da cidade de Porto Velho, criada em 02 de outubro de 1914. Muitos operários, migrantes e imigrantes moravam em bairros de casas de madeira e palha, construídas fora da área de concessão da ferrovia. Assim, Porto Velho nasceu das instalações portuárias, ferroviárias e residenciais da Madeira-Mamoré Railway. A área não industrial das obras tinha uma concepção urbana bem estruturada, onde moravam os funcionários mais qualificados da empresa, onde estavam os armazéns de produtos diversos, etc. De modo que, nos primórdios haviam como duas cidades: a área de concessão da ferrovia e a área pública. Duas pequenas povoações, com aspectos muito distintos. Eram separadas por uma linha fronteiriça denominada Avenida Divisória, a atual Avenida Presidente Dutra. Na área da railway predominavam os idiomas inglês e espanhol, usados inclusive nas ordens de serviço, avisos e correspondência da Companhia. Apenas nos atos oficiais, e pelos brasileiros era usada a língua portuguesa. Cada uma dessas povoações tinham comércio, segurança e, quase, leis próprias. Com vantagens para os ferroviários, face a realidade econômica das duas comunidades. A moderna história de Porto Velho começa com a descoberta de cassiterita (minério de estanho) nos velhos seringais no final dos anos 50, e de ouro no rio Madeira. Mas, principalmente, com a decisão do governo federal, no final dos anos 70, de abrir nova fronteira agrícola no então Território Federal de Rondônia, como meio ocupar e desenvolver essa região segundo os princípios da segurança nacional vigentes. Além de aliviar tensões fundiárias principalmente nos estados do sul, por meio da transferência de grandes contingentes populacionais para o novo Eldorado quase 1 milhão de pessoas migrou para Rondônia, e Porto Velho evoluiu rapidamente, de 90.000 para mais de 400.000 habitantes. Porto Velho é formado por planícies, com serras relativamente baixas. Clima predominante é o tropical super-úmido, caracterizado por ser quente com elevada umidade e chuvas abundantes. A cidade (e o estado) tornou-se um novo caldeirão cultural, onde se misturam hábitos e sotaques de todos os quadrantes do país. Juntaram-se ao Boi- bumbá e forró (de origem nordestina), o vaneirão (gaúcho); ao tacacá e açaí, o chimarrão; à alpercata, a bota e o chapéu de vaqueiro. O desenvolvimento da pecuária incorporou as festas de peões e os rodeios aos folguedos juninos. A cultura porto-velhense é pequena em relação aos grandes centros, mas o seu potencial turístico é muito grande por ter muita história e riquezas naturais. Os principais pontos turísticos da capital são: A Casa da Cultura Ivan Marrocos em Porto Velho; O Teatro Municipal Banzeiros; O Teatro Uirassu Rodrigues; As Três Caixas D'Água, símbolo da cidade se descreve através de um monumento trazido pelos ingleses, "as três caixas d´águas" ou "Três Marias"; A Catedral do Sagrado Coração de Jesus; O Cemitério da Candelária; O Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, preservando os bens históricos da ferrovia, o Museu reúne várias peças da época de sua construção e funcionamento. Além da primeira locomotiva trazida para a Amazônia, a Cel. Churchill, pode-se apreciar também uma Cegonha e um Velocípede, usados no transporte de feitores que fiscalizavam a linha, tornos, máquinas, móveis, fotografias de operários, livros, documentos e muito mais; O Prédio da E.F.M.M., o prédio tem a forma arquitetônica de uma locomotiva estilizada, em homenagem aos primeiros colonizadores da região; O Real Forte Príncipe da Beira, localizado na margem direita do Rio Guaporé, fronteira natural entre Brasil e Bolívia, foi construído em 20 de julho de 1776, é o mais antigo monumento histórico de Rondônia, em pleno coração da floresta amazônica. Existiam 14 residências no seu interior destinadas ao comandante e oficiais além de capela, armazéns e depósitos, bem como alojamento dos soldados em serviço, prisão e poço. Fora havia residências para soldados e as barracas dos escravos e índios. Nas ruínas ainda podem ser vistas lembranças de antigos prisioneiros, escritas com finos estiletes. A 25 quilômetros de Porto Velho, a Cachoeira do Teotônio se constitui no balneário mais famoso, pelo campeonato anual de pesca. Destacam-se ainda Areia Branca, a 6 quilômetros do Centro, Candeias, cidade satélite de Porto Velho, o balneário de Rio Preto, a 27 quilômetros do centro e no quilômetro 78 o balneário Rio Bonito. Igarapés: Os mais conhecidos são de Periquitos e o da Areia Branca. Alguns desses "banhos" possuem grande infraestrutura para receber as centenas de banhistas que recebem todos os finais de semana, como restaurantes, pousadas, quadras e campos de futebol. A culinária em Porto Velho reflete a grande diversidade cultural que Rondônia oferece. Seus pratos típicos sofrem a influência de paranaenses, riograndenses, amazonenses, cearenses, nortistas, nordestinos e bolivianos. Mas a influência predominante é a do índio, percebida na enorme variedade de pratos à base de peixes. São mais de 20 espécies nos rios de Rondônia e seu preparo, apesar de simples, envolve verdadeiro ritual, desde a compra do peixe até a escolha dos complementos, que geralmente são liderados pelo sabor exótico do tucupi. Preparado de qualquer forma, é impossível resistir ao sabor mais que especial dos peixes rondonienses, principalmente o Pirarucu, o bacalhau da Amazônia, pois tem o sabor semelhante ao do bacalhau, só que com qualidade nutritiva superior. No café da manhã, o visitante pode se deliciar com mingaus, tapioca, pamonha, bolo de macaxeira e frutas como tucumã, jambo, pupunha cosida ou cremes de cupuaçu, cajá e manga. Tem também a deliciosa sopa à base de tucupi, Tacacá, servida em cuias e preparada com camarão, goma de mandioca e folhas de jambú além dos famosíssimos pratos como o tucunaré frito, a costela de tambaqui, o filé de dourado frito, o pato no tucupi e a caldeirada de dourado. Tudo regado a muito peixe, temperos, farinha de mandioca, castanha-do-Brasil, guaraná e frutas regionais. O folclore é marcadamente nordestino, como o Boi-Bumbá, as quadrilhas e a Pastorinha. A interpretação de lendas indígenas, como as do Iara, do Boto e do Mapinguari, indicam o folclore local, influenciado pelos migrantes. Quanto ao artesanato, existem várias exposições de trabalhos indígenas, utilitário e de adorno, utilizando-se como matéria prima argila, cipó, bambú, borracha, existindo a Casa do Artesão como ponto de apoio às iniciativas do gênero. O Carnaval de Porto Velho atrai um grande número de pessoas da própria comunidade e também de outros municípios de Rondônia e dos Estados vizinhos. Considerada como a maior manifestação popular da Capital, a “Banda do Vai quem Quer”, arrasta multidões na tarde o início da noite do sábado do Momo. O Carnaval de Porto Velho conta com vários grupos carnavalescos. O Bairro Caiari, um dos mais antigos e tradicionais da cidade, é berço do Galo da Meia Noite, que há 15 anos desfila nas principais ruas da Capital. De cunho religioso os principais eventos são a Procissão do Senhor Morto, Dia de Santo Antônio, Círio de Porto Velho, Semana Santa, Festa do Divino Procissão Fluvial de São Pedro, Festa de São cristovão e Festa de São Sebastião. Outros acontecimentos marcantes são as Semanas de Folclore e do Índio, Festival de Arte-som, de Artesanato e de Balé (área cultural), e também o Campeonato Nacional da Pesca, na Cachoeira de Teotônio, realizado todo o mês de setembro, por ocasião da piracema, considerado maior evento de lazer, promovido pelo Lions Clube de Porto Velho. E uma das grandes festas folclóricas é o Arraial Flor de Maracujá em Porto Velho. É nesta festa que o Boi Bumbá se manifesta. Herdado do Nordeste, o bumba-meu-boi é uma manifestação folclórica que resume elementos culturais portugueses, africanos e indígenas. A festa é quando Porto Velho vira um verdadeiro arraial, com milhares de bandeirinhas coloridas nas barracas das praças e ruas, onde é servida grande variedade de pratos típicos. A quadrilha é comandada pelo “marcante”, uma pessoa que conduz o desenvolvimento e a mudança dos movimentos de dança, executada por milhares de participantes vestidos de caipira. É uma manifestação popular das mais interessantes e ocorre simultaneamente à época das festas juninas. O Expovel, é a festa agropecuária de Porto Velho que incia com uma grande cavalgada; A peça "O homem de Nazaré", encenada na cidade cenográfica Jerusalém da Amazônia; O festival de música independente chamado Festival Casarão; Micaretas (carnavais fora de epoca), a principal é o Bloco Maria Fumaça; O Arraial Flor do Maracujá é o maior da cidade. O município de Porto Velho conta com três reservas indígenas: com 89.098 hectares, a 95 quilômetros da capital, está localizada a Reserva Karitiana, habitada por cerca de 100 índios dedicados a agricultura de subsistência (arroz, milho, farinha, etc.). Lá já foram construídas casas em alvenaria, depósitos, uma enfermaria e já tem pista de pouso. A Reserva Kaxaraxi, com mais de 85 mil hectares fica na divisa com o estado do Amazonas, com mais de 100 índios que vivem do extrativismo da castanha e da banana. A terceira reserva indígena é a dos Karipunas, com 2.200 hectares, situada no Distrito de Jaci-Paraná. Os parques Dr. José Adelino de Moura e Parque Nacional de Pacaás Novos que abriga importante patrimônio cultural indígena, representado hoje pelas tribos Uru-Eu-Wau-Wau e Uru-Pa-In. Em relatos do Marechal Rondon há referências aos índios Cawahib ou Caguarip, auto denominação dos ocupantes dessa área, apelidados pelos Oro-Uari de Uru-Eu-Wau-Wau, "Os Que Tocam Taboca". O nome Pacaás Novos teve origem com os seringueiros que ao caçarem na região encontravam muitas pacas na beira do igarapé (rio). Na serra nascem vários dos rios que alimentam as principais bacias hidrográficas do estado, como as do Guaporé-Mamoré e o Rio Madeira (principal braço direito do rio Amazonas).Esse rio possui grande quantidade de ouro em seu leito e até pouco tempo, na época da vazante, abrigava 30 mil garimpeiros. Seu curso é dividido em três níveis: Alto Madeira; trecho das Cachoeiras e Corredeiras, e o Baixo Madeira. São destacados dois lagos pela sua importância biológica: Lago do Cuniã, com 104 mil hectares, na reserva biológica de Cuniã, e Lago Belmont, no rio Madeira. O rio tem pesca abundante, dentre os peixes mais encontrados está o piraíba, jaú, dourado, caparari, surubim, pirara, piramutaba, tambaqui, tucunaré, jatuarana, pacu, pirapitinga, curimatá, a piranha preta e inclusive o terrível candiru. Rio Abunã (afluente da margem direita do rio Madeira): faz a delimitação da fronteira entre Brasil e Bolívia, outros rios são o Rio Mutum-Paraná, Rio Jacy-Paraná, Rio Candeias do Jamari e o Rio Ji-Paraná (rio Machado).